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On terça-feira, 24 de agosto de 2010 0 comentários


"Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus. Também eu procuro agradar a todos de todas as formas. Porque não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos” ( 1 Coríntios 10: 31- 33)


A Glória somente a Deus. Isto por si só parece auto explicativo, não é mesmo? Imagino que você como cristão já tenha ouvido isto como doutrina e realmente creio que tenha isto como princípio básico da sua fé. Então neste texto vou tentar não me prender tanto ao óbvio mostrando citações bíblicas que provem esta afirmação de Lutero, pois imagino que isto não seja novidade. Primeiro vou colocar uma breve contextualização histórica de Lutero e depois vou falar um pouco da minha própria experiência sobre como esta afirmação não tem sido cumprida na igreja atualmente.

“Soli Deo Gloria” foi um lema que derivava do entendimento de que tudo o que o homem faz deve se destinar à glória de Deus. Essa deve ser o motor que nos estimule a viver neste mundo.
Nos dias de Lutero, de uma maneira geral, as pessoas viviam para a Igreja. Isso aparentemente era muito bom, pois havia um sentimento religioso e uma busca pelo divino. No entanto, a Igreja havia tomado o lugar central da vida das pessoas; elas estavam dependentes da igreja como uma instituição. O Império, o governo local, o comércio, o latifúndio, a extração mineral, o conhecimento, a arte, a filosofia e toda e quaisquer outras riquezas estavam atrelada à igreja. Onde está o mal disso? Reside no fato de que a igreja pensava em sua própria glória e grandiosidade.
Lutero vivia para a Igreja até que descobriu que a igreja não estava mais vivendo para Cristo e sim para o papado e para si mesma. Não somente ele; Calvino, Zwínglio, Farel, J.Knox…, todos afirmaram com suas palavras e atos que iriam viver para Deus. Como Calvino comentou: “… Deus deseja que a Sua glória seja manifesta no seu povo”. (Calvin Commentaries on the Isaiah 43.7).
Ao contrário do que acabamos pensando ao ouvir “Soli Deo Gloria” isto não era uma afirmação contra a idolatria aos santos, mas contra ao viver para a igreja, pois como o apóstolo Paulo dizia “viver é Cristo”.

Agora me responda sinceramente, você acha que a igreja hoje, de um modo geral, vive isso? Eu parei para pensar na minha não tão longa jornada como cristão e não demorou muito para lembrar de diversos casos onde esse conceito tão básico foi ferido. Pregadores centrados em si mesmos, cheios de orgulho e prepotência como se tivesse o poder de ministrar bênçãos por si mesmos. Levavam o povo a acreditar que tinham algum tipo de relacionamento especial com Deus (que se você orou e não funcionou se ele orasse funcionaria). Isso sem contar no show de patuás gospel, que se levados para casa mediante a uma contribuição eles iriam liberar uma benção especial na sua vida. Também existe a venda de bênçãos especiais ministradas como “oportunidade única” pelo “profeta de Deus”. São pregadores que se acham a ultima bolacha do pacotinho de Deus. E por causa do orgulho cometem os maiores absurdos antibíblicos e ainda chegam a afirmar que se você desobedecer ou fizer qualquer questionamento (mesmo que bíblico) ao líder espiritual é como desobedecer ou desafiar ao próprio Deus!

Eu normalmente não faço citações para acusar alguém, mas recentemente vi uma do auto intitulado apóstolo Valdomiro Santiago que me deixou especialmente nervoso: “A Igreja que fundei e abri e melhor do que a primeira de onde vim! A gloria será minha, a igreja é minha, eu sou o dono dela e ninguém me tira.”

E também existe o outro lado da mesma moeda, de um lado um líder espiritual centrado em si mesmo e no outro um povo sedento por satisfazer suas ambições e desejos por riqueza. Tentam transformar a Deus em um gênio da lâmpada para satisfazer seus desejos. Nos cultos cantam “louvores” pedindo o que já é seu, restituição, chuva (até hoje não entendi isso, em SP tem até enchente), determinam prosperidade e etc apontando suas replicas da arca da aliança, pano de saco, água do rio Jordão ou sei lá mais o que orando a Deus com um tom de “você me deve”.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

A união desses dois fatores gera uma massa sem rosto esperando se tornar milionárias através das bênçãos ministradas por seus super lideres. Como somente estão atrás das bênçãos e não de Deus, estas ficam cegas e defendem suas instituições com unhas e dentes apesar de qualquer coisa que seus líderes façam. Já vi pessoas defenderem com afinco e verdadeiramente endeusarem esses líderes espirituais, da mesma forma que ainda hoje a igreja Católica afirma que não há salvação fora dela, essas igrejas levam seus membros a crer que somente ali serão abençoadas e estão “cobertas espiritualmente”.
Como resultado desse ensino, o que observei acontecer foi o aparecimento de aberrações antibíblicas e extra-bíblicas:

• Cobertura espiritual (Nossa cobertura é Cristo);
• Clonagem e despersonalização (Todo mundo fala e veste igual ao líder);
• Autoritarismo (Arrogância, Tirania e Abuso espiritual);
• Mau uso e distorção bíblica (versículos fora de contexto sem considerar o todo);
• Aparecimento das figuras totêmicas (O líder sagrado e num pedestal);
• Por fim, muitas pessoas feridas e decepcionadas.

Pergunto, onde está a Glória de Deus nesse caso? Deus está realmente sendo glorificado através de pessoas que, apesar de viverem em um país que sofre com a má distribuição de renda, dizem a todo instante que vão se tornar milionárias e juntar riquezas? Deus está realmente sendo glorificado através da construção de uma réplica megalomaníaca e hiper cara de um templo de Salomão?
Uma coisa é certa, Deus deve ser o centro de nossas vidas devemos ama-Lo acima de todas as coisas, acima de nossos próprios anseios. A Sua vontade deve ser nosso objetivo principal de vida e não que Ele faça nossa vontade.
Às vezes penso que precisamos de uma nova reforma, o que vocês acham?
Que Deus abençoe
Lucas Lainetti


EU TOPO ESSA NOVA REFORMA !
E acredito sim na cobertura espiritual. Elias e Eliseu é um fato.

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